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05 de abril de 2024

3 Oportunidades de colaboração no sector de petróleo e gás entre Angola e Brasil

3 Oportunidades de colaboração no sector de petróleo e gás entre Angola e Brasil
Angola e o Brasil estão prestes a aprofundar a sua colaboração nos sectores do petróleo e do gás, impulsionados pelas suas trajectórias de crescimento sustentado. Embora as parcerias actuais tenham estabelecido uma base sólida, a descoberta de oportunidades inexploradas poderia melhorar significativamente as relações bilaterais e promover o desenvolvimento mútuo.

O principal evento angolano para a indústria do petróleo e do gás - Angola Oil & Gas (AOG) 2024 - irá explorar a forma como a colaboração bilateral serve de catalisador para o desenvolvimento. O evento oferece uma plataforma para o envolvimento, diálogo e negócios. A Câmara de Comércio Angola-Brasil é parceira do evento, sublinhando o compromisso de ligar empresas brasileiras a projectos angolanos.

A AOG é o maior evento de petróleo e gás em Angola. Realizado com o total apoio do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás; da empresa petrolífera nacional Sonangol; da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis; da Câmara Africana de Energia; e do Instituto Regulador dos Derivados do Petróleo, o evento é uma plataforma para a assinatura de acordos e para o avanço da indústria petrolífera e de gás de Angola. Para patrocinar ou participar como delegado, por favor contacte [email protected].

Exploração em águas ultra-profundas

Angola e o Brasil estão entre os dez maiores países do mundo em termos de reservas em águas ultra-profundas, o que evidencia uma oportunidade estratégica de colaboração. O Brasil possui as maiores reservas recuperáveis a nível mundial, com 97,6% da sua produção de petróleo a ocorrer offshore. O campo petrolífero Lula do país - localizado na Bacia de Santos - é o maior campo de produção em águas ultra-profundas do mundo, com um pico de produção de um milhão de barris por dia (bpd) (2021). Está prevista a perfuração de mais de 600 poços offshore no país entre 2024 e 2030, prevendo-se que a produção atinja 4,9 milhões de bpd até 2032 - 80% da qual é obtida em campos de águas profundas do pré-sal.

Do mesmo modo, a produção angolana em águas profundas representa a maior parte da sua produção - principalmente a partir da Bacia do Baixo Congo. O desenvolvimento em águas profundas Cameia-Golfinho da TotalEnergies no Bloco 20/11 e no Bloco 21/09 está estimado em 420 milhões de barris de petróleo, e o campo Golfinho é uma das sete descobertas em águas profundas efectuadas na área. Além disso, o desenvolvimento do campo completo Agogo da Eni - colocado em funcionamento apenas nove meses após a sua descoberta - prevê um pico de produção de até 42 000 bpd até 2024 e reservas estimadas em 205 milhões de barris.

No futuro, Angola e o Brasil estão empenhados em atrair novos investimentos na exploração em águas ultra-profundas. O recente concurso de 12 blocos de Angola - concluído em janeiro de 2024 - garantiu 53 propostas, estando a próxima ronda prevista para 2025. Simultaneamente, a recente ronda de licenciamento do Brasil - leiloada em dezembro de 2023 - apresentou 193 blocos para licitação. Com ambos os países a registar um aumento das actividades de exploração, as parcerias de colaboração são promissoras para o crescimento mútuo, a fim de acelerar o desenvolvimento de projectos.

Infra-estruturas de gás natural

O florescente sector do gás natural em Angola, juntamente com a vasta experiência do Brasil em LNG, oferece uma oportunidade promissora de colaboração no desenvolvimento de infra-estruturas. Angola começou a exportar GNL em junho de 2013, com ambições de exportar gás natural não associado até 2025. Os volumes de exportação registaram um aumento significativo entre 2021 e 2022, em grande parte atribuível ao projeto Angola LNG, que deverá representar 90% da produção de gás natural do país. Estão em curso planos para expandir as infra-estruturas, ligando outros blocos offshore ao Sistema de Gasodutos Angola LNG. Além disso, Angola dispõe de um importante terminal de armazenamento e processamento de GNL na província do Zaire, com uma capacidade de 360 000 metros cúbicos.

O Brasil, por outro lado, tem vindo a investir em GNL desde a década de 1990 e pretende desenvolver um mercado de GNL competitivo com a Nova Lei do Gás. O país enfrenta desafios como as longas distâncias entre os campos offshore e a costa e as limitadas infra-estruturas de gasodutos, o que representa uma oportunidade estratégica de investimento e colaboração. Embora a legislação angolana relativa ao GNL esteja estreitamente ligada a projectos específicos, como o Projeto Angola LNG, os princípios da supervisão regulamentar, da colaboração entre as partes interessadas e das normas de segurança são transferíveis. A colaboração entre entidades brasileiras e angolanas poderia envolver o intercâmbio de conhecimentos, o reforço de capacidades e a criação de empresas comuns para desenvolver infra-estruturas adaptadas às necessidades de transporte de gás offshore do Brasil.

Formação e desenvolvimento técnico

À medida que o sector do petróleo e do gás angolano e brasileiro se expande, a colaboração no desenvolvimento de capacidades pode servir de catalisador para o crescimento do mercado. Em Angola, os regulamentos relativos ao conteúdo local - incluindo o Decreto Presidencial n.º 271/20 - especificam critérios para a utilização de bens e serviços locais e para o desenvolvimento da mão de obra. A empresa petrolífera nacional de Angola, Sonangol, está a concluir o seu Centro de Investigação e Desenvolvimento, introduzindo formação especializada em petróleo, gás, energias renováveis e biocombustíveis.

No Brasil, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) lidera o reforço de competências, gerindo a atribuição de fundos e iniciativas como o PRH-ANP - um programa de formação de mão de obra especializada no sector do petróleo e do gás. Ao alinharem esforços na formação e desenvolvimento técnico, Angola e o Brasil podem cultivar uma força de trabalho qualificada capaz de impulsionar a inovação e o crescimento sustentável no sector do petróleo e do gás.

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