No ano passado, o Presidente de Angola, João Lourenço, e o seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, reuniram-se no Palácio Presidencial de Luanda. A reunião resultou na assinatura de sete memorandos de entendimento em vários sectores, incluindo o turismo, a saúde e a agricultura, demonstrando uma dedicação mútua ao reforço da colaboração bilateral. Com a aproximação da conferência Angola Oil & Gas (AOG) 2024, o evento representa uma oportunidade para ambas as nações expandirem a sua parceria estratégica no sector do petróleo e do gás.

A AOG é o maior evento de petróleo e gás em Angola. Realizado com o total apoio do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás; da empresa petrolífera nacional Sonangol; da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis; da Câmara Africana de Energia; e do Instituto Regulador dos Derivados do Petróleo, o evento é uma plataforma para a assinatura de acordos e para o avanço da indústria petrolífera e de gás de Angola. De 2 a 4 de outubro, a AOG reúne capital global e fornecedores de tecnologia com o governo e as empresas angolanas para um objetivo comum de estabelecer Angola como o centro do futuro. Para patrocinar ou participar como delegado, por favor contacte [email protected]

Oportunidades de investimento mutuamente benéficas

Angola possui reservas comprovadas estimadas em 9 mil milhões de barris de petróleo bruto e 11 triliões de pés cúbicos de gás natural. Produzindo atualmente cerca de 1,18 milhões de barris por dia (bpd), a indústria petrolífera desempenha um papel fundamental na economia angolana, contribuindo com quase 75% das suas receitas. Além disso, Angola produz cerca de 17,9 mil milhões de pés cúbicos de gás natural por ano a partir da produção petrolífera associada.

Entretanto, o Brasil, o maior produtor de petróleo da América Latina, registou um aumento da produção de petróleo bruto em 2023, atingindo 3,4 milhões de bpd. Mais notavelmente, a empresa petrolífera nacional do Brasil e o maior produtor de petróleo e gás do país, a Petrobras, foi responsável por 87% da produção de petróleo e 91% da produção de gás em dezembro de 2023. O Brasil possui também as maiores reservas recuperáveis de petróleo ultra-profundo a nível mundial, com 97,6% da sua produção de petróleo a ocorrer no mar, o que realça a sua experiência na perfuração offshore. Esta experiência em desenvolvimentos a montante, tecnologia e práticas industriais destaca uma oportunidade estratégica para o Brasil apoiar os principais projectos a montante de Angola.  

Como parte de uma ronda de licenciamento de seis anos iniciada em 2019, Angola concluiu um concurso de 12 blocos em janeiro de 2024 e está agora a finalizar as negociações de partilha de produção em preparação para a sua próxima ronda de licenciamento de petróleo e gás - prevista para 2025. Entretanto, as recentes rondas de licenciamento de petróleo e gás do Brasil destacaram a emergência da bacia de Pelotas como uma nova fronteira de exploração. A Petrobras, em parceria com a Shell e a CNOOC, assegurou activos na bacia. Assim, ambos os países estão a assistir a um aumento das actividades de exploração e das oportunidades em bacias maduras e de elevado potencial, assinalando uma oportunidade para parcerias mútuas.

Enquanto Angola procura alavancar os seus recursos para o crescimento económico, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) apelou a uma cooperação reforçada com o Brasil através do Compacto Lusófono multiparceiro em novembro. Lançada em dezembro de 2018, esta iniciativa envolve o Grupo BAD, Portugal e os seis países de língua portuguesa em África - Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. O Compacto Lusófono apresenta uma oportunidade para os investidores privados brasileiros explorarem parcerias e contribuírem para o desenvolvimento económico de Angola e de outras nações lusófonas.

Transcender as oportunidades de petróleo e gás

As oportunidades de colaboração bilateral transcendem o sector do petróleo e do gás. No sector da aviação, a TAAG Angola Airlines está a melhorar a ligação entre Luanda e São Paulo, aumentando os voos semanais de quatro para seis. Esta medida não só responde à crescente procura do mercado, como também reforça os laços entre os dois países de língua portuguesa. O acordo de partilha de códigos entre a TAAG Angola Airlines e a GOL Airlines facilita ainda mais as opções de viagem para os passageiros, posicionando Luanda e São Paulo como centros de ligação entre a América do Sul, África e Europa.

Para além dos empreendimentos estratégicos do Brasil em Angola, Angola está a retribuir com investimentos significativos no sector das telecomunicações do Brasil. A Angola Cables anunciou planos para construir um segundo centro de dados em Fortaleza, Brasil, com um investimento de até US$ 80 milhões. A expansão tem como objetivo estabelecer o Ceará como o centro da empresa nas Américas, aproveitando a sua experiência e infraestrutura para melhorar os mercados de telecomunicações e tecnologias de informação na região. O projeto está previsto para começar no segundo semestre deste ano e ser concluído até 2025.

A expansão das relações comerciais do Brasil com África e os investimentos estratégicos em várias indústrias oferecem aos investidores, ao governo e às empresas brasileiras uma oportunidade de participar em empreendimentos de colaboração e contribuir para o desenvolvimento económico de Angola na AOG 2024. Programada para ter lugar em Luanda, de 2 a 4 de outubro, sob o tema "Impulsionar a Exploração e o Desenvolvimento para o Aumento da Produção em Angola", a AOG oferece uma plataforma para as partes interessadas se envolverem e explorarem potenciais parcerias no sector do petróleo e do gás em Angola.